João Moreira Salles mergulha na sua própria história para fazer esse brilhante documentário contando a história de Santiago Badariotti Merlo, o mordomo de sua família por anos.
Em preto e branco e com um angulo meio estranho de câmera e a constante interferência da produtora na entrevista, “Santiago” narra com maestria a historia de um colecionar de cultura.
O documentário mergulha na trajetória de Santiago e mostra em um tom de profunda admiração e respeito ao profissional que trabalhou mais de 20 anos na casa do diretor.
A Sensibilidade de Santiago ao mostrar seu acervo em páginas sobre as dinastias do mundo em 6 mil anos, o modo como ele relata as circunstâncias que gravou em milhares de folhas a historia da própria arquivadas em ordem cronológica e amarradas com fitas vermelhas que vinham de Paris.
O off de introdução das falas ajuda a dar um colorido no imaginário do espectador durante as passagens de fala de Santiago,narrados detalhando fatos importantes que antecederam a vida do mordomo.
Embora Santiago tenha uma cultura admirável e rica dentro da aristocracia, sendo poliglota e um conhecedor de uma riqueza cultural incrível ele ficou por muito tempo na casa dos Moreira Salles, e em cada viagem que fazia a trabalho escreveu mais de 30 mil páginas.
A riqueza documental ficou por muito tempo alheia a Salles, e o documentário demorou 13 anos para ficar pronto. Santiago escrevia as páginas do seu acervo em bibliotecas públicas e particulares dos continentes que visitou com a família em italiano, francês, espanhol e português.
Um filme com uma sensibilidade incrível e mesmo em certos momentos a narrativa sendo nostálgica demais em alguns momentos, Salles mostra como um personagem-título pode fazer a diferença em um documentário simples e poético.
